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Notícia

Crédito para empresas continua a acelerar em 2020

Apesar do lento crescimento da economia, cenário promissor favorece também redução da inadimplência, de acordo com dados da Boa Vista

Olhando para os indicadores de crédito e inadimplência das empresas no final de 2019, percebemos que, apesar do lento crescimento da economia, a situação delas, no que se refere a esses indicadores, é bem animadora.

Antes de olharmos para esses dados, é importante destacar que o número de novas empresas vem crescendo ano a ano. Em 2019, ele subiu 18,1% ante 2018, segundo levantamento da Boa Vista com abrangência nacional. Em 2018 e 2017, o montante de novas empresas também havia subido 14% e 13,6%, respectivamente.

É verdade que nos últimos anos a abertura de novos CNPJs tem sido puxada pelos Microempreendores Individuais (MEIs), enquanto as demais formas jurídicas têm recuado. Mas a boa notícia é que, em 2019, depois de anos em queda, os outros sistemas voltaram a crescer. E cresceram 3,6%, enquanto os MEIs avançaram 23,1%.

Mas qual o cenário de crédito e inadimplência que essas empresas vão encontrar? Os resultados já fechados de 2019 mostram um cenário relativamente promissor. A situação aponta para uma continuidade do crescimento robusto das concessões de crédito para as empresas com redução da inadimplência, o que por si só já é um cenário positivo e não tão comum.

As concessões de créditos livres (novos empréstimos), por exemplo, subiram 13,6% no ano, acelerando um crescimento que se iniciou no final de 2017, como mostra o gráfico ao lado - e os concedentes de crédito continuam apostando em um crescimento ainda maior em 2020. Boa parte dessa recuperação no mercado de crédito e da volta das concessões para pessoas jurídicas são fruto dessa redução da inadimplência.

Números do Banco Central mostram que entre 2014 e 2017, a inadimplência das empresas deu o maior salto já registrado, passando de 3,1% em dezembro de 2013, para 5,9% em maio de 2017. O crescimento, ininterrupto, chegou a ultrapassar a inadimplência dos consumidores - algo inédito até então.

A crise observada no período atingiu em cheio as empresas que, sofrendo com a redução das atividades e o aumento dos custos (já que a inflação atingiu elevados patamares no período), tiveram seus fluxos de caixa altamente pressionados e, com isso, tiveram que recorrer constantemente ao financiamento de seu capital de giro. Essa situação reduziu a capacidade de pagamento das empresas, aumentando os índices de inadimplência.

Mas de maio de 2017 para cá, o indicador engatou uma rápida queda e fechou dezembro de 2019 em 2,1% - o menor valor da série histórica, conforme gráfico abaixo.

Dados da Boa Vista também mostraram essa queda relevante no mesmo período. O indicador, que é calculado com base no somatório dos principais mecanismos de apontamento de inadimplência empresarial, e inclui cheques devolvidos, títulos protestados e registros de débitos realizados na base do SCPC, recuou 10,6% em 2019, após recuar 14,2% em 2018, e 6,5% em 2017.

Em um primeiro momento, esse movimento aconteceu, principalmente, pela restrição de crédito por parte das concedentes devido ao aumento dos riscos.

Mas, com a gradual melhora na economia, as empresas voltaram a registrar aumento nas receitas e, agora em um ambiente com menor inflação e juros em queda, esses fatores têm colaborado para a melhora da situação financeira das empresas e sua capacidade de pagamento.

A volatilidade do comportamento da curva de inadimplência das empresas nesse período chega a impressionar, por se apresentar bem maior do que a das pessoas físicas. Mas o seu retorno a um patamar bem mais baixo, e próximo da metade da inadimplência dos consumidores, na qual permaneceu por muitos anos, parece apontar para um novo equilíbrio.

Não há expectativa de grandes mudanças nesse indicador para 2020. Assim, um cenário com crescimento das concessões de crédito e estabilidade da inadimplência das empresas tende a ser o mais provável. É claro que esta não é condição suficiente para que a economia volte crescer rapidamente, mas sem dúvida é condição necessária para crescer de forma mais sustentável.